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O Impacto das Tendências Econômicas nos Preços das Ações

O mercado de ações é diretamente influenciado pelas tendências econômicas, que atuam como um termômetro para investidores. Essas tendências, de curto ou longo prazo, refletem o estado da economia e moldam o comportamento de empresas e consumidores, impactando o valor das ações.

Crescimento Econômico e Expansão das Ações

Em períodos de crescimento econômico, as empresas aumentam seus lucros devido à maior demanda por bens e serviços, o que leva à valorização das ações. Setores cíclicos, como tecnologia e consumo discricionário, tendem a se beneficiar. Um exemplo ocorreu entre 2004 e 2008, quando as ações de Lojas Renner (LREN3) valorizaram significativamente devido ao aumento da renda e do consumo no Brasil. A empresa abriu novas lojas, expandindo suas operações, o que refletiu no aumento expressivo do preço de suas ações.

 

Inflação e seu Efeito nas Ações

A inflação é um fator que pode impactar negativamente as ações, já que a alta dos preços reduz o poder de compra dos consumidores e pressiona as margens de lucro das empresas, principalmente em setores que não conseguem repassar custos. No entanto, setores como commodities podem se beneficiar, já que o preço dos produtos básicos tende a subir. Em 2015, por exemplo, o Brasil enfrentou alta inflação, e empresas como Ambev (ABEV3) sofreram quedas nas ações devido ao aumento dos custos de produção e a dificuldade em repassá-los aos consumidores.

 

Taxas de Juros e o Mercado de Ações

As taxas de juros também desempenham um papel crucial no mercado de ações. Quando as taxas sobem, os custos de empréstimos aumentam, impactando os lucros das empresas, enquanto investimentos em renda fixa tornam-se mais atraentes. Por outro lado, taxas mais baixas favorecem o mercado de ações, pois incentivam o consumo e o crescimento das empresas. Entre 2016 e 2021, os cortes na Selic no Brasil beneficiaram setores como o de construção civil. As ações da MRV Engenharia (MRVE3) valorizaram-se devido à maior acessibilidade ao financiamento imobiliário, impulsionando suas vendas.

 

Ciclos Econômicos e a Volatilidade das Ações

Os ciclos econômicos de expansão e contração afetam a volatilidade do mercado. Durante recessões, o pessimismo pode provocar uma venda generalizada de ações, enquanto a recuperação econômica traz otimismo e valorização. Setores defensivos, como saúde e utilidades, tendem a ser menos voláteis. Um exemplo de impacto de ciclos econômicos foi a Petrobras (PETR4), que sofreu uma queda significativa de suas ações durante a recessão de 2015-2016 e com a Operação Lava Jato, mas se recuperou com a retomada da economia.

 

Crescimento Econômico e Aumento dos Investidores Individuais

Durante fases de crescimento econômico acelerado, as empresas buscam mais investimentos para atender à demanda crescente, recorrendo tanto ao mercado de dívida quanto ao mercado de capitais. Nesse último, elas emitem ações para captar recursos, atraindo tanto investidores institucionais quanto indivíduos. No Brasil, de 2004 a 2010, o número de investidores individuais aumentou de 85 mil para 600 mil, e entre 2018 e 2021, esse número saltou de 800 mil para mais de 3 milhões, impulsionado pela recuperação econômica e pela facilidade de acesso a plataformas de investimento.

 

Globalização e Tendências Econômicas Internacionais

A globalização conectou ainda mais os mercados, de forma que mudanças econômicas em uma região podem ter impacto em mercados distantes. Por exemplo, desacelerações econômicas na China podem afetar empresas americanas dependentes de exportações, impactando suas ações. Em 2018, a guerra comercial entre Estados Unidos e China afetou o mercado global, incluindo o Brasil. As ações da Vale (VALE3) foram impactadas pela queda da demanda chinesa por minério de ferro, causada pela incerteza em torno da disputa comercial entre as duas potências.

As tendências econômicas são fundamentais para compreender os movimentos do mercado de ações. Investidores que acompanham essas tendências podem tomar decisões mais informadas, aproveitando oportunidades de crescimento ou se protegendo contra riscos. No entanto, o mercado de ações é complexo e influenciado por diversos fatores, sendo essencial uma análise cuidadosa e diversificada para navegar em um ambiente volátil.

 

Autores:

Ricardo Schneider

Formado em Administração de Empresas pela EAESP/FGV e com MSc em Finanças pela London Business School, atua há mais de 30 anos nos mercados financeiros local e internacional. Teve passagem pelas áreas de tesouraria em Londres e Frankfurt bem como gestão de portfolios de renda variável no mercado latino-americano e local. Atuou no sell side participando da distribuição de várias ofertas iniciais e secundárias de ações assim como organizou a cobertura de clientes institucionais locais e estrangeiros. Mais recentemente, fez a gestão de área de consultoria de investimentos para clientes de alta renda focando nos mercados locais e internacionais. Teve passagem por instituições como Banco Real, ABN AMRO, Itau, BES, CGD, Magliano, Plural e Original. Ministrou também cursos de Finanças no Instituto Germinare.

Luiz Felipe:

Luiz é formado em Engenharia Física pela USP, sua experiência em engenharia e análise financeira, combinada com mais de três anos de trabalho dedicado em compreender e otimizar os mecanismos, estruturas e instrumentos dentro do mercado de ações validam ainda mais sua proficiência em investimentos. Possui CEA e AAI.

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