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Uma Máquina de Perder Oportunidades Chamada Brasil

Há alguns dias, estive presente em um grande evento no exterior tratando de investimentos na América Latina, com destaque para o Brasil. Após dois dias de apresentações, a constatação é: o Brasil é uma máquina de perder oportunidades.

A principal discussão global no momento é sobre o tema do ESG, das políticas públicas e empresariais nos campos do meio ambiente, do social e de governança. Está crescendo a pressão sobre países como a China para diminuição da emissão de carbono e para melhoria e maior transparência sobre as condições de trabalho. A Alemanha foi criticada por reativar as usinas termelétricas, como alternativa a redução no fornecimento de gás natural.

As empresas globais estão adaptando, de forma bem rápida, as suas políticas internas de investimentos para atender os requisitos do ESG. Ou seja, pode haver impedimento de alocar recursos em determinados países que não consiga cumprir as metas.

Uma primeira reflexão: qual país do mundo tem o seu meio-ambiente preservado, com potencial de expansão da economia verde, com baixa emissão de carbono, energia limpa e que preserva condições adequadas de trabalho? O Brasil!

Outra linha discutida foi sobre os países concorrentes, como no caso os BRICS, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É natural o raciocínio de que os regimes políticos e modelos econômicos da maioria desses países tornam um cenário incerto para ingresso de investimentos. Assim, a segunda reflexão: em qual desses países há uma democracia sólida, com instituições funcionando plenamente, combinado com um gigante marcado consumidor? O Brasil!

No país, pouco mais da metade dos domicílios tem acesso à água tratada. Há milhares de quilômetros de estradas em conservação precária, sem falar na praticamente inexistente malha ferroviária e a necessidade de ampliação das redes de comunicação.

São centenas de bilhões de dólares que estão disponíveis no exterior que poderiam estar entrando no Brasil, gerando emprego e renda, fazendo do Brasil um verdadeiro canteiro de obra e, ao mesmo tempo, conseguindo respeitar o tripé do ESG.

Tony Blair, primeiro-ministro britânico por 10 anos, foi o palestrante principal do evento. Em sua fala, comentou 4 elementos essenciais para que as nações possam crescer: estado de direito, bom ambiente de negócios, educação e tecnologia. Desses 4, o Brasil peca, e feio, em três.

A inciativa privada mundial vê o Brasil como um caminho natural para alocar os seus investimentos. Porém, os governos de décadas mantêm o país com suas burocracias, dificuldades, com alta carga tributária, com incertezas políticas e sem priorizar educação, inibindo um fluxo de entrada de recursos mais agressivo no país.

Portanto, a imagem que fica na minha cabeça é o Brasil, ao invés de ligar o aspirador de investimentos, mantem permanentemente ligado o ventilador de oportunidades.

 

Por Odile Ginaid

Odile Ginaid é assessora de investimentos formada em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com pós graduação em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas, certificação de Especialistas em Investimento pela AMBIMA, CEA. Além de mandar muito bem no mercado financeiro, Odile ainda é velejadora e atleta da Marinha do Brasil.

Com colaboração de Guilherme Dietze – Economista da Fecomercio SP.

 

 

 

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