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Radar Criptomoedas – A retomada dos criptoativos

MACRO

Criptoativos descolam dos mercados globais e registram forte recuperação na semana. No agregado, o valor das criptomoedas avançou para US$ 1,95tri, uma alta de 9,2% vs. a semana anterior. A forte retomada das criptomoedas teve suporte na deterioração geopolítica global. Com as novas sanções aplicadas pelos países do Ocidente sobre a Rússia, as limitações de saques impostas na Ucrânia, bem como as incertezas sobre a estabilidade do valor de sua moeda, os criptoativos acabaram atraindo um grande fluxo de capital. A nova classe de ativos tem se provado como uma importante alternativa ao sistema financeiro tradicional. Na Rússia, a população busca estocar valor nas criptos frente à forte desvalorização do rublo vs. o dólar. Na Ucrânia, as pessoas buscam alternativas para converter a moeda local para o dólar e também para preservarem seus patrimônios. Além disso, surgem novas narrativas, as criptos têm sido utilizadas como uma forma de captação de doações.

Ainda sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia

Com a remoção de alguns bancos russos do sistema SWIFT de transações internacionais, as criptomoedas podem se tornar uma das poucas alternativas para os russos transferirem fundos internacionalmente.

Porém, nem tudo são flores

Tendo esta possibilidade em vista, ambos o banco central europeu e o americano estudam formas de acelerar a regulação das criptomoedas e impedir que elas sejam utilizadas para burlar sanções. Nesta quarta-feira, no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçou a necessidade de estabelecer uma estrutura regulatória sobre ativos digitais. Investidores seguirão monitorando os desenvolvimentos desta frente, uma vez que eles poderão ser determinantes para o crescimento futuro deste mercado.

Bitcoin se destaca

Nesta segunda-feira, o Bitcoin registrou ganhos de 14,5%, sua maior alta diária desde 08/02/2021, o dia em que a Tesla revelou ter comprado o criptoativo. O volume das transações envolvendo a criptomoeda também saltou para US$ 10bi na última quinta-feira, valor esse não visto desde dezembro de 2021. O salto em volume também veio acompanhado de novos usuários, o número de carteiras digitais contendo o Bitcoin registrou uma máxima histórica de 40 milhões, segundo a Glassnode. Somado a isso, estima-se que aproximadamente 2,8 milhões de Bitcoins não se movimentaram nos últimos 3 anos, indicando uma orientação de longo prazo dos investidores do ativo. Com a forte performance do Bitcoin, sua dominância saltou para 41,2% na semana.

O Ethereum, manteve sua dominância estável em 17,2%, mas viu sua tarifa de transações, gas fee, sofrer redução de -54% vs. a semana anterior, atingindo 42 gwei. A forte redução da tarifa deverá estimular o volume de transações na rede, uma vez que as mesmas se tornam mais acessíveis.

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Dentre as maiores criptomoedas, os melhores desempenhos foram do Bitcoin e Terra. Ambas foram beneficiadas pela forte demanda pelos criptoativos na última semana.

NOTÍCIAS

Setor imobiliário virtual continua em alta: O mercado de criptomoedas perdeu 40% de seu valor desde o pico em novembro, no entanto o setor imobiliário dentro do metaverso continua se mantendo firme durante esta maré ruim dos criptoativos. O valor das vendas semanais de terrenos virtuais atingiram 6 mil ETH pela primeira vez em 14 de novembro do ano passado e não caíram abaixo desse nível desde então, segundo a WeMeta, uma plataforma que rastreia “mundos” metaversos como Decentraland.

O Sandbox, metaverso que cativou a marca de luxo Gucci e o rapper Snoop Dogg, liderou o volume em novembro, com um leve recuo no mês passado, mas ainda continua em alta. No entanto, o destaque ficou com promissor NFT Worlds, liderou o volume de transações de terras do metaverso nas últimas duas semanas, uma vez que se apoiou em uma integração com o Minecraft, que possui mais de 140 milhões de usuários ativos. Vale lembrar que o Morgan Stanley (MSBR34), um banco relevante no mercado, enxerga o metaverso como uma oportunidade de US$ 8,3 tri, o que valeria mais mais de duas vezes e meia o pico de capitalização de mercado já atingido criptomoedas, de acordo com um relatório divulgado em 23 de fevereiro. O J.P. Morgan previamente também pontuou que vê uma oportunidade trilionária no mundo digital.

Instalações de caixas eletrônicos de criptomoedas desaceleram: Considerando os dois primeiros meses de 2022 foram instalados 1817 caixas eletrônicos de criptomoedas (ATMs) em todo o mundo. Porém, no mesmo período do ano passado, 2435 caixas eletrônicos foram colocados em operação, representando uma queda de -25% ano a ano. Isso pode ser um sinal precoce de que a demanda por caixas eletrônicos relacionados a cripto está diminuindo e as pessoas recorrem a outras alternativas para processar esse tipo de transações, mas ainda é cedo para decisões definitivas.

Por outro lado, um outro motivo pode ser a falta de diversificação geográfica envolvida nessas instalações. Os Estados Unidos sozinhos contribuíram para 93% do total global de instalações de em 2022, com 1.689 novos caixas eletrônicos, enquanto na Europa esses instrumentos foram reduzidos, para um total de novos 1397ATMs. Olhando para o futuro, espera-se que as instalações de caixas eletrônicos de criptomoedas cresçam à medida que jurisdições como El Salvador planejam implantar 1.500 caixas eletrônicos de Bitcoin neste ano.

Regulações à vista? Desde a semana passada, com a invasão da Rússia na Ucrânia, o ocidente vem fazendo uma série de sanções econômicas contra o país. Em uma reportagem publicada no dia 26 de fevereiro, o Wall Street Journal afirmou os Estados Unidos estão considerando novas sanções contra o mercado de criptomoedas da Rússia. Essas sanções, provavelmente teriam como alvo as corretoras de criptomoedas que acabam violando as proibições de transações com bancos russos que estão na lista proibida do governo americano. Vale ressaltar que a Rússia também detém cerca de 11,2% do hashrate do Bitcoin, ou seja cerca de 1/10 do volume minerado da criptomoeda. Ainda não está claro como estas sanções poderão ocorrer, mas elas poderão afetar diretamente a capacidade de processamento das transações na rede da maior criptomoeda do mercado.

À medida que as sanções ocidentais espremem cada vez mais o sistema financeiro da Rússia e atingem o rublo, a demanda por criptomoedas aumentou no país. Os volumes de negociação entre o rublo e o bitcoin subiram para 1,5 bilhão de rublos na última quinta-feira, atingindo o nível mais alto em nove meses, segundo a Coindesk, que citou dados da empresa de pesquisa de criptomoedas Kaiko.

DE OLHO NO MERCADO

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O gráfico acima mede o nível da correção atual no preço das maiores criptomoedas vs. a sua máxima histórica. Segundo os dados, apesar da recuperação recente, grande parte das moedas ainda se encontram em bear market após o período de forte correção que não só impactou as cotações, como também contribuiu para uma redução no volume de negociações das moedas.

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Autores: Rafael Nobre, Jennie Li e Barbara Oliveira

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